Para a maioria das pessoas, convidar outra pessoa pra sair, num contexto de paquera/vamos-nos-conhecer, pode ser uma coisa normal. Mas, pra uma parte da população, não é. Essa parte da população, só de pensar em falar com a tal pessoa, começa a dar tremedeira nas mãos, suar frio, engasgar e gaguejar nas palavras. Bem, eu faço parte dessa parcela da população.
Ou fazia, talvez. Ainda não sei bem.
O fato é que há algum tempo, eu tinha andado de olho numa garota. Ela trabalha na bilheteria do cinema, e eu não sei se vocês sabem, mas
eu vou muito ao cinema. De qualquer forma, já há algum tempo, eu, sempre muito simpático (
homem sempre é super simpático quando está a fim da garota ou simplesmente acha ela bonita), venho sempre trocando cumprimentos e sorrisos com ela, etc. Essas coisas bobas. Um embrião de flerte, enfim.
E então, há umas três semanas atrás, eu decidi. Iria fazer papel de bobo, iria me ferrar inteiro, mas eu ia convidar a garota pra sair, tomar um café ou um jantar (
não ia convidar ela pra ir ao cinema, já que eu acho que as pessoas normais não devem gostar de ir passear no próprio trabalho). Infelizmente, nas semanas anteriores, eu não consegui falar com ela, porque na fila pra comprar um ingresso, eu sempre acabava em outro atendente. Mas hoje, finalmente, eu fui parar no seu guichê.
E eu, incrivelmente, depois de comprar o meu ingresso, convidei ela pra sair. Sem nervosismo, sem tremedeira, sem adrenalina nas alturas. Simplesmente, perguntei (
sorridente, claro) se ela não gostaria de sair um dia.
Evidentemente, a resposta foi não. Claro, se a resposta fosse um sim, isso não seria a minha vida, nem seria a realidade, seria uma comédia romântica de Hollywood e eu estaria num Show de Truman ou mesmo plugado servindo de bateria. Mas estou divagando. Ok, ela respondeu que o namorado dela não gostaria muito daquilo, simpática e sorridente como sempre. (
Hmmm, começo a suspeitar que talvez isso esteja mais pra um comercial de pasta de dentes... Não, os meus dentes nem são tão brancos assim.)
Bem, depois dessa resposta, nem sei bem o que me passou pela cabeça. Ou melhor, sei sim: nada. Ou melhor ainda: uma sensação de alívio. Nada de tristeza, nada de baixa estima, apenas alívio. De ter ido lá e feito o que eu havia decidido fazer. Me senti quase como um soldado voltando para casa, depois de uma batalha. (
Ok, eu sei que é exagero.)
Aliás, uma parte de mim sentiu alívio porque já esperava uma resposta negativa. Quer dizer, se ela tivesse dito "sim", o que é que eu ia fazer? Eu sinceramente, não sei o que faria, porque nunca tive um encontro (
nesse contexto) na minha vida. Mas esse assunto fica pra outro dia.