Historinhas no busão

Quem quer ser antropólogo nessa vida, TEM que andar de ônibus por essas cidades. Não só vai aprender um bocado, como deve achar várias linhas interessantes de pesquisa.

Ontem mesmo fiquei ouvindo algumas conversinhas de garotas. Não que eu estivesse espiando, mas quando elas ficam fofocando atrás de você, é difícil não ouvir.

No primeiro caso, eram duas jovens mulheres, com idades que provavelmente as habilitariam a participar de um pornô de nome "alguma coisa teen" ainda. Uma das meninas estava puta (no sentido figurado) contando pra outra que a haviam praticamente chamado de puta (no sentido bíblico). Pelo que eu entendi, essa menina que estava puta (em qualquer sentido que seja) morava numa casa com mais alguns amigos e o pai de um desses amigos. Não ficou claro na conversa se quem pagava as contas da casa era esse cara. Bem, de qualquer jeito, a menina contava que não tinha namorado mas tinha vários peguetes e os levava pra casa (pra brincar de casinha). Acontece que há uns dias atrás, um desses amigos beneficiários dela foi dormir na casa dela. Na noite não rolou nada, mas de manhã, lá pelas seis da matina, o galo cantou. E acontece que o pai de um dos que moram na casa ficou meio puto com isso, dizendo que não conseguiu dormir por causa do barulho e que ali não era motel. E a garota que estava no ônibus ao lado dessa menina, perguntava se ela tinha feito muito barulho na trepada, mas a safadinha, até meio envergonhada (pois é!) só falava: mas não dava pra ouvir nada, nem fulana nem outro ciclano que estavam a dormir ali ouviram um gemidinho sequer...

O engraçado é que a menina não tinha pudor nenhum em admitir que dormia com um monte de gente, mas morria de vergonha de dizer que tinha dado pro cara naquela manhã. Vai entender...

A segunda história é mais comportadinha. Eram três adolescentes sentadas atrás de mim no ônibus, naquela idade em que as meninas são idiotas, ou melhor, adoradoras de ídolos teen à la Justin Bieber. Bem, o problema de uma delas era que ela queria terminar o "relacionamento sério" dela e não sabia o que dizer para o namoradinho. E as outras duas estavam dando "ótimas" dicas pra ela, dicas essas com certeza aprendidas em revistinhas teen e em comédias românticas mequetrefes (isso se elas fossem ao cinema, senão poderia ser em novelas da Globo mesmo).

Sério, rolou até aquela clássica cena de "vamos lá, finja que eu sou ele e diga pra mim que você quer terminar". E claro, a menina que não sabia como terminar ria de nervosa (afinal, este é um assunto seríssimo!) e a outra dizia "se concentra, se você rir na frente dele, ele vai achar que é brincadeira e não vai te levar a sério".

Ah! E segundo uma dessas meninas que a aconselhavam, em toda a sua grande sabedoria sobre relacionamentos (uma hora a menina em dúvida perguntou como ela sabia de todos esses grandes macetes, e a outra respondeu num tom orgulhoso: "ah, a vida me ensinou", ou algo de teor parecido), se na conversa o outro vier falar que precisa "conversar sério", não deixe o outro falar primeiro, fale você e termine de uma vez, porque assim, se ele fosse terminar também, você que terminou com ele. A menina em dúvida questionou o porquê disso (já que pra ela, o que importava era terminar mesmo), e a outra fala: "Ah! é pra sair por cima!".

Pois é.
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