Se eu morrer amanhã

Amanhã viajo. Uma semana fora. Toda vez que faço uma viagem mais longa, dessas que tenho que passar mais de três dias fora de casa, tenho a impressão de que não vou mais voltar. Até hoje, como vocês podem supor, nada aconteceu (a tecnologia google não chegou ao pós-vida ainda). Mas sempre tenho essa coisa de antes de viajar, deixar tudo pronto, não deixar nada pendente, adiantar as coisas. Como se eu não voltasse mais.

Isso é uma coisa que sempre me acontece, por isso, se eu morrer em algum desastre de avião, por favor, não falem que o autor deste blog teve uma visão à la Premonição ou o que quer que seja.

Mas voltando ao assunto, viajo amanhã. E de acordo com essa lógica torta que eu tenho, hoje então seria o meu último dia por aqui. E fiquei pensando, perguntando pra mim mesmo: o que você faria no seu último dia?

Hoje não foi um dia nada especial, foi um domingo mais ou menos normal. Acordei mais tarde, como de costume aos domingos. Comi granola com leite no café da manhã, coisa que faço quase todos os dias. Entrei na internet, fiquei navegando e vendo meus itens no Google Reader, agendei uns posts (ah sim, se eu morrer amanhã, nos meus outros blogs vão ter vários dias de posts ainda!), enfim, fiquei matando o tempo no micro.

Fui almoçar tarde, nenhuma comida em especial. Depois fui no cinema. Assisti o filme O Homem do Futuro. Excelente filme, um dos melhores que já vi. Uma bem resolvida mistura de De Volta Para o Futuro e Efeito Borboleta (dois outros filmes que tenho em alta estima). Apesar da sessão ter muitos grupinhos de adolescentes, foi bem tranquila. Aliado ao fato de eu estar sentado meio longe desses grupos, o filme conseguiu chamar a atenção e calar a boca da molecada.


Saí da sala do cinema e não como não estava com vontade de ficar perambulando pelo Shopping, fui embora. No caminho, comecei a pensar sobre talvez esse ser o último dia da minha vida atual. Aí resolvi me fazer um agrado e passei no mercado pra comprar um Haagen-Dazs e outros quitutes. Afinal, se o avião cair ou outra coisa acontecer, pensei, pelo menos não fiquei na vontade por um último Haagen-Dazs.

Assim, cheguei em casa, coloquei pra passar no micro um filme que eu tinha baixado (e que se serve de desculpa, não foi lançado nos cinemas aqui) e fui abrir meu precioso (Golum feelings) potinho de sorvete. E que desgraça, sem querer eu peguei o sabor errado (em vez do meu favorito Chocolate Midnight Cookies, peguei o meio sem graça Cookies & Cream).

Aí, estava eu aqui pensando... Se esse fosse o meu último dia por aqui, teria sido um dia muito do chato. E que terminou com um sorvete errado, ainda por cima...

Que maravilhosos tempos vivemos

Realmente, a gente não dá valor aos tempos atuais.

Estava eu revendo clipes e filmes meio velhos, em pleno domingo a noite, numa onda saudosista, quando me dei conta de que isso é coisa de velho. Então, declaro oficialmente aqui que estou velho.

Mas antes de me tornar um vovô Simpson, que vive reclamando de tudo, pensei em algumas coisas...

Repararam que velhos (de espírito) sempre acham que o passado foi melhor? É aquela coisa de saudosismo (meio idiota, mas totalmente humano) do qual o Woody Allen fala em seu último filme. Então, uma maneira de se identificar um velho (de espírito) é ver se ele fala que no tempo dele as coisas eram melhores.

O que é uma tremenda estupidez. E se a pessoa escreveu isso online, ainda por cima, é uma idiotice maior ainda. Em que tempo poderíamos fazer nossas reclamações não serem ouvidas (mas com a ilusão de serem) pelo mundo todo? Twitter está aí pra isso. Aliás, o meu é esse aqui: @eeyamane, não que eu ache que alguém se importe.

Mas o que mais me deixa orgulhoso (!) de viver nessa época são as possibilidades. Clichê dizer isso, mas hoje elas aumentaram tanto que o clichê de infinitas possibilidades não é tão descabido assim (quer dizer, infinitas não são, mas a gente perdoa o entusiasmo). Por exemplo, estava eu aqui ouvindo/vendo alguns clipes favoritados no youtube, quando chega a vez desse aqui, da cantora Mia Rose:



É uma música bacaninha e a cantora é bonitinha, mas não é por isso que estou falando dela. Outro dia na Antena1 eu ouvi essa música e achei legal. Fui procurar quem cantava e encontrei essa Mia Rose. Só que, epa! Eu já seguia essa menina no youtube! Bem antes dela lançar o single por uma gravadora. Ela começou colocando alguns covers que ela cantava e tocava violão no youtube, e foi indo assim, até, de uma certa maneira, encontrar seus 15 minutos iniciais de fama (espero, sinceramente, que durem mais).

Mas não é uma época maravilhosa? Quais as chances, em outros tempos, de você ficar conhecendo o trabalho de bons artistas antes mesmo deles entrarem no mainstream? Essa é uma das razões pelas quais eu nunca devo dizer que antigamente era melhor do que hoje. Abençoada seja, Internet. E hail ao Google, o seu mensageiro.

Ah, outra razão pela qual hoje é melhor do que antigamente é que hoje podemos ficar vendo os vídeos de antigamente pelo youtube. Rá, toma essa!

Conversinhas no ônibus

Pegar um ônibus que passa por uma faculdade pode não ser lá muito confortável (porque a lata de sardinha só vai enchendo, enchendo, até finalmente esvaziar no ponto da "facul" depois de quase explodir). Mas certamente rende algumas boas historinhas pra um ouvido mais atento, especialmente se os jovens forem na maioria, AS jovens.

Tirando o irritante fato de que nenhuma delas tem nome (todas são uma massa amorfa que se tratam basicamente por "amiga", dizendo "ai amiga bla bla bla", "ai amiga ble ble ble"), é interessante (e engraçado) ouvir as fofocas anônimas. Hoje mesmo, enquanto fofocavam sobre um happy hour qualquer, comentavam sobre um fulano. Esse fulano, diziam elas, era meio ruim da cabeça. Mas na minha avaliação, era apenas um bruto, um ogro júnior. Tudo porque ele disse pra uma das meninas que ela era gorda, no começo da festa.

O pior é que a "amiga" realmente se sentiu mal. Saiu da festa, ficou chorando num canto até outra "amiga" chegar e perguntar o que acontecera. No fim, a "amiga" gordinha disse que foi pra casa e ficou chorando no travesseiro. Provavelmente o cara pegou a menina numa TPM brutal. Até porque eu vi a menina, e porra, se aquilo é ser gorda, eu não existo mais, explodi num big bang lipídico. Sim, a menina era bem normal... Ai ai, jovens mulheres. Ou melhor. Ai, ai, "amiga"...

Como eu odeio esse "amiga". Como soa falso na boca dessas garotas mimadas, egoístas e egocêntricas...

Aliás, acho que ou essas meninas não guardam nome nenhum, ou então veem as pessoas simplesmente por um papel momentâneo que os outros desempenham. O caso "amiga" já diz muito, mas hoje também escutei a conversa de duas meninas universitárias (me recuso chamá-las de mulheres, apesar de já terem idade para isso). Uma delas falava frequentemente do namorado, quase sempre em tom de superioridade (imagino que a outra não devia ter um). O problema é que o tal namorado, em nenhum momento, nunca, foi chamado pelo nome. Foi sempre "meu namorado isso", "meu namorado aquilo"...

Tudo bem que a outra menina poderia não conhecer o namorado, sendo que a menção ao nome não traria muita luz à conversa. Mas à menina do namorado, bastaria mencionar uma vez "o Fulano, meu namorado, bla bla bla". Mas não, o fulano era realmente um fulano, era sempre o "meu namorado". E olha, de curiosidade eu comecei a contar as referências a ele, e digo que depois que eu comecei a contar, foram umas cinco vezes. Sempre sem nome. Sempre apenas o papel que o fulano desempenha. O namorado.

E é interessante notar também o egocentrismo dessa "moçada". Sempre é "MEU namorado". Além de desmerecer a personalidade do outro, reduzí-lo a um papel, só é relevante porque ele desempenha um papel PARA MIM. "Meu", "meu, "meu"...

Eu sou um velho por natureza (com uns dezoito, já era velho), por isso, o que vou dizer é normal (velhos sempre dizem isso). Mas porra, na minha época não tinha (tanto) disso não. Ou seria algo local? Afinal, passei minha juventude (em termos de idade) em outros lugares, e não no [SARCASMO]paraíso na terra[/SARCASMO] conhecido como Florianópolis (que TEM SIM uma juventude classe média de cabeça de melão).

Historinhas no busão

Quem quer ser antropólogo nessa vida, TEM que andar de ônibus por essas cidades. Não só vai aprender um bocado, como deve achar várias linhas interessantes de pesquisa.

Ontem mesmo fiquei ouvindo algumas conversinhas de garotas. Não que eu estivesse espiando, mas quando elas ficam fofocando atrás de você, é difícil não ouvir.

No primeiro caso, eram duas jovens mulheres, com idades que provavelmente as habilitariam a participar de um pornô de nome "alguma coisa teen" ainda. Uma das meninas estava puta (no sentido figurado) contando pra outra que a haviam praticamente chamado de puta (no sentido bíblico). Pelo que eu entendi, essa menina que estava puta (em qualquer sentido que seja) morava numa casa com mais alguns amigos e o pai de um desses amigos. Não ficou claro na conversa se quem pagava as contas da casa era esse cara. Bem, de qualquer jeito, a menina contava que não tinha namorado mas tinha vários peguetes e os levava pra casa (pra brincar de casinha). Acontece que há uns dias atrás, um desses amigos beneficiários dela foi dormir na casa dela. Na noite não rolou nada, mas de manhã, lá pelas seis da matina, o galo cantou. E acontece que o pai de um dos que moram na casa ficou meio puto com isso, dizendo que não conseguiu dormir por causa do barulho e que ali não era motel. E a garota que estava no ônibus ao lado dessa menina, perguntava se ela tinha feito muito barulho na trepada, mas a safadinha, até meio envergonhada (pois é!) só falava: mas não dava pra ouvir nada, nem fulana nem outro ciclano que estavam a dormir ali ouviram um gemidinho sequer...

O engraçado é que a menina não tinha pudor nenhum em admitir que dormia com um monte de gente, mas morria de vergonha de dizer que tinha dado pro cara naquela manhã. Vai entender...

A segunda história é mais comportadinha. Eram três adolescentes sentadas atrás de mim no ônibus, naquela idade em que as meninas são idiotas, ou melhor, adoradoras de ídolos teen à la Justin Bieber. Bem, o problema de uma delas era que ela queria terminar o "relacionamento sério" dela e não sabia o que dizer para o namoradinho. E as outras duas estavam dando "ótimas" dicas pra ela, dicas essas com certeza aprendidas em revistinhas teen e em comédias românticas mequetrefes (isso se elas fossem ao cinema, senão poderia ser em novelas da Globo mesmo).

Sério, rolou até aquela clássica cena de "vamos lá, finja que eu sou ele e diga pra mim que você quer terminar". E claro, a menina que não sabia como terminar ria de nervosa (afinal, este é um assunto seríssimo!) e a outra dizia "se concentra, se você rir na frente dele, ele vai achar que é brincadeira e não vai te levar a sério".

Ah! E segundo uma dessas meninas que a aconselhavam, em toda a sua grande sabedoria sobre relacionamentos (uma hora a menina em dúvida perguntou como ela sabia de todos esses grandes macetes, e a outra respondeu num tom orgulhoso: "ah, a vida me ensinou", ou algo de teor parecido), se na conversa o outro vier falar que precisa "conversar sério", não deixe o outro falar primeiro, fale você e termine de uma vez, porque assim, se ele fosse terminar também, você que terminou com ele. A menina em dúvida questionou o porquê disso (já que pra ela, o que importava era terminar mesmo), e a outra fala: "Ah! é pra sair por cima!".

Pois é.

Pode cumprimentar que eu não mordo

Isso vai ser um recorde, dois posts no mesmo dia neste blog...

Bem, aconteceu enquanto eu esperava o maldito ônibus que não peguei. Estava eu de pé em um canto da casinha do ponto de ônibus, quando passa por mim uma bela mulher. Que eu admito, demorei uns segundos pra reconhecer que era a menina do cinema (só digo uma coisa: como um uniforme transforma uma pessoa). Bem, pra relembrar rapidamente, era uma garota que sempre me cumprimentava e que um dia, eu chamei pra sair sem sucesso, obviamente, ou não estaria até hoje perdendo tempo escrevendo blog.

Bem, depois desses segundos que demorei pra reconhecê-la, olhei pra ela, esperando pra cumprimentá-la. Um oi, nada demais. Até comecei a esboçar um sorriso pra dizer 'oi', mas aí ela simplesmente vira a cara. Fiquei com cara de tacho, obviamente.

Teria ela não me reconhecido? Não, essa hipótese é muito improvável. A vantagem de ser feio como eu é que isso acaba sendo marcante. Talvez não no bom sentido, mas, como dizem os publicitários (aliás, parabéns pelo dia de hoje), "falem mal, mas falem de mim".

Teria ela não me visto? Não creio, já que ela passou bem na minha frente. Se bem que sempre tem a remota hipótese da pessoa estar com a cabeça na lua. Mas não foi o que me pareceu.

A minha conclusão, e eu posso estar errado (ou não), é que ela escolheu me ignorar, talvez pra evitar aquele momento esquisito ou sei lá. Quer dizer, pra ela, porque pra mim não.

Talvez ela pensasse que me cumprimentando eu interpretaria errado, como se ela estivesse dando mole pra mim, e eu me jogasse em cima dela com uma fúria animal, rasgando sua roupa num gesto de luxúria desenfreada. Talvez, mulheres pensam muita coisa esquisita.

O problema é que, de certa maneira, eu entendo esse dilema feminino. Note bem, homens não são os seres mais talentosos em decifrar os milhares de sinais não verbais que a mulher emite, especialmente se o sinal de 'oi eu sou simpática' e o sinal 'oi eu quero dar pra você' são diferentes apenas com um milésimo de sutileza. Então, o que o troglodita faz é interpretar todos os sinais como 'oba ela quer me dar', o que nem sempre é o caso. E fazendo isso, deixa a mulher calejada, preferindo nem dar um 'oi' pra não ser mal interpretada.

Bem, esse problema é tão insolúvel quanto tentar provar que P = NP (se você não entendeu, não procure entender), por isso não perderei mais tempo nele.

O fato é que eu também sou péssimo em observar esses sinais não verbais. Pelo menos se eles se dirigirem a mim. Então, eu interpreto todos os sinais com o menor denominador comum, ou seja, sempre como 'oi eu sou legal'. Por isso, se algum dia você me ver por aí (até parece, quem eu estou enganando?), pode me cumprimentar. Eu não mordo. No máximo estendo o dedo médio, mas isso não machuca ninguém (bem, talvez o ego de alguém muito sensível).

A dura vida de quem pega ônibus

Hoje, meu último dia de férias, fui pegar um cinema a tarde. Que sensação boa de ir no cinema no meio da tarde em um dia de semana. O chato é que, saindo do shopping, estava chovendo.

Do shopping até a minha casa, geralmente leva uns 30 minutos andando. Eu, pessoa desprovida de veículo automotor, resolvi pegar um ônibus que, se não me deixa em frente de casa, pelo menos economiza uns 15 minutos de caminhada, que seriam 15 minutos a menos de água na cabeça.

Pois fiquei no ponto esperando o ônibus. E passa um, passa outro, mais outro, e nenhum da linha que eu pegaria. E passa 5, 10, 15, 20 minutos... Depois de 35 minutos, nada ainda. A chuva diminuiu um pouco de intensidade e eu resolvi voltar a pé mesmo.

Eis que, depois de andar umas duas quadras, estou esperando o sinal abrir pra atravessar a avenida. Só de sacanagem olho pra trás, certo de que o ônibus que eu queria pegar estava chegando no ponto. Claro, porque basta a gente sair do ponto, ou ir correndo pra ele, que o nosso ônibus passa (e nem dá um tchauzinho).

Me senti num episódio do Bob Esponja:

Note to myself: nunca mais tirar férias em janeiro

Sei que as pessoas adoram o verão, ficar tostando na praia e etc., mas eu detesto. Aliás, gosto mesmo do inverno.

Por isso, é a maior burrada da minha parte tirar férias em janeiro. Janeiro é bom mesmo pra estar no escritório: tem ar condicionado, pouca gente pra te encher o saco (porque as outras pessoas estão de férias) e o clima é bem calmo.

Mas se você está de férias e a sua casa (como a minha) não tem uma das maiores invenções do mundo civilizado (o ar condicionado), a sua sina ou é ficar na frente do ventilador suando que nem um porco e se sentindo mal por causa do calor, ou sair de casa. Se você resolver sair de casa, é bom que seu carro tenha ar condicionado. Mas, se você for um fudido como este que vos fala, você ou vai a pé (embaixo de um sol de rachar coco) ou pega um busão. Nenhuma das opções é boa, mas...

Aí você chega num shopping, porque é um lugar garantido que tenha ar condicionado e que mantenha um clima de país civilizado. Só que, como janeiro também é mês de férias escolares (coisa que você esqueceu no milênio passado, ter duas férias ao ano), você vai enfrentar aquele espaço lotado. E pior, lotado de aborrescentes com suas variadas tribos. Que, na maioria das vezes, são um bando de mal educados e folgados.

Não falo mal dos adolescentes por estar velho (apesar de eu ser um velho rabugento de espírito). Falo isso porque é a verdade. Ou você nunca foi numa sessão de cinema cheia de jovens espinhudos?

E esse calor infernal que não me deixa em paz... Nem a cerveja dá conta.
Powered by Blogger